sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Tá Lido #32 - Sobre histórias de fadas, J. R.R. Tolkien

Sobre Histórias de Fadas 
Autor: J.R.R. Tolkien
Páginas: 118
Editora: Conrad
Sinopse: J.R.R. Tolkien criou um mundo de elfos e dragões, magos e orcs, a Terra Média. Lingüista excepcional, criou inclusive um idioma, o élfico. É espantoso imaginar de onde Tolkien tirou inspiração para um universo tão complexo e encantador. É o que o leitor pode aprender em Sobre Histórias de Fadas. O livro é composto por um ensaio, ´´Sobre Histórias de Fadas´´, e um conto, ´´Folha por Niggle´´. O ensaio, essencial para quem quer compreender as influências e técnicas que Tolkien utilizaria em O Senhor dos Anéis, é baseado numa conferência de 1939. Tolkien procura as bases para o ´´conto de fadas´´, das adaptações infantis de Perrault e dos irmãos Grimm até os mitos nórdicos do Edda. O escritor usa seu conhecimento acadêmico para demonstrar que as histórias sobre fadas têm um caráter mágico e mítico. Tolkien analisa a nossa relação com o ´´Belo Reino´´, e demonstra como as histórias sobre fadas dizem não somente sobre um mundo fantástico, mas também sobre a nossa própria realidade. "Folha por Niggle", conto publicado originalmente em 1945, serve de exemplo para o ensaio, e conta a história de um pintor mesquinho que sempre é atrapalhado pelos seus vizinhos enquanto tenta terminar seu quadro - uma árvore no meio de uma floresta. Numa alegoria da redenção, Niggle passa maus bocados na mão de uma instituição obscura, para mais tarde descobrir como deve ser a verdadeira floresta que deveria pintar.

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Capa linda com baixo relevo dourado e fundo imitando
couro verde.


Como a sinopse mesmo já diz esse livro é composto por um conto chamado "Folha por Niggle" e um ensaio chamado "Sobre Histórias de Fadas" e posso afirmar que esse livro ajuda a entender um pouco toda a obra de Tolkien. Depois que li, me senti mais por dentro da obra e do que ele esperava dela, foi como se olhasse a história que eu adoro pela perspectiva do autor e isso só me fez ficar mais apaixonada pelo lugar.

Parte de trás da capa.


Achei legal o livro trazer uma nota introdutória do autor na qual se explica o motivo da criação do ensaio e , que foi elaborado para uma palestra na Universidade de St. Andrews em 1938, só pra lembrar que na época (e talvez ainda hoje) a fantasia era considerada um subgênero, além disso ele foi "incrementado" com algumas ideias do autor presentes em outros ensaios que ele já havia publicado e como surgiu a ideia do conto.



Mas decidi  falar de cada um separadamente (vou seguir a ordem do meu livro), porque eles tratam assuntos totalmente diferentes, com alguma ligação e são gêneros diferentes. ;)




Sobre Histórias de Fadas: 
Tolkien explica (na Nota Introdutória do livro) que esse livro foi escrito entre 1938-39 e na época ele já havia começado a escrever O Senhor dos Anéis , já estava em Bri e achava a Terra Média tão assustadora quanto era para os hobbits (e para o meu marido...rs), imaginem como deve ter sido legal criar um mundo tão bem construído e misterioso como a Terra Média.
Esse livro explica como Tolkien vê os contos de fada, o que ele acredita ser essencial pra uma história ser um conto de fadas, ele defende que não é a história em si, mas o lugar onde a história se passa que a definem como tal, que ele acredita para ser um conto de fadas deve-se existir um mundo repleto de coisas mágicas, oceanos e lugares propíciospara uma aventura, ele chama esse lugar de Belo Reino (do original Faërie).
Para ele quem se aventurar a escrever ou falar sobre esse Belo Reino deve responder às seguintes perguntas: O que são histórias de fadas? Qual a sua origem? Para que servem?, e durante esse ensaio ele responde ou como ele mesmo define ele tenta responde-las.
Nunca tinha lido um ensaio assim mais acadêmico e bem estruturado, onde ele expõe a tese dele e depois defende com argumentos lógicos, ele optou por separar essas "respostas em tópicos" e em cada tópico ele cita outras obras que se encaixam ou não no seu conceito de contos de fadas, tenta definir o que são, o que é primordial, para quem eles devem ser escritos, por quais motivos devem ser escritos, como os contos de fadas são vistos pelas crianças, suas diferenças em relação as fábulas, a origem das fadas (ele acreditas que as fadas e os elfos tem a  mesma origem e são a mesma coisa) e assim vai.

Achei muito válido conhecer mais da história dos contos de fada, sua origem e suas variações, talvez essa ideia central explique porque ele criou um mundo tão rico em detalhes como a Terra Média, que na minha opinião é o personagem central do Senhor dos Anéis.
Lógico que o Frodo, Aragorn, Gandalf, Saruman, Galadriel e tantos outros são importantes, cada um no seu momento e com a sua função, mas é como se o pano de fundo da história fosse a história dela (Terra Média) e os outros fatos se desenrolassem para explicar o seu passado, presente e futuro.



Folha por Niggle:
Esse conto foi uma criação praticamente instantânea do autor num dia  de 1947,  ele acordou com a ideia praticamente pronta e está da mesma forma que no manuscrito, fico pensando esse conto é muito bom, o cara deve mesmo ser um gênio pra acordar com uma coisa tão boa já desenhada na mente, pronta pra ir pro papel, né?
Uma das fontes da história é um pé de álamo, que ele consegui ver mesmo deitado em sua cama, que foi podado de um dia para o outro, que ninguém além dele e de um par de corujas parecem sentir falta.

Esse conto trata da busca pela perfeição de uma obra por um pintor, que se dedica inteiramente a pintar com perfeição cada detalhe de uma árvore, cada nuance de uma folha, a forma como a luz incide e a sombra que ela faz.
Niggle, o pintor, sente aborrecimento em parar sua obra pra receber visitas e fazer qualquer outra coisa, mas um dia por determinado incidente é obrigado por um Inspetor de Casas a partir, ir para um lugar terrível, deixando pra trás sua obra, sua casa, seus vizinhos e sua rotina.
Nesse lugar ele recebe novas funções, as cumpre rigorosamente e com determinação, nada de pinturas ou pessoas que el conhece, até que um dia as coisas mudam e essa rotina é alterada.
Não tem como dar detalhes, como é um conto qualquer informação vira spoiller, mas vale a pena ler e qualquer semelhança entre a busca da perfeição e a demora para concluir a obra de Niggle com Tolkien é mera coincidência (ou não!;))

Um comentário:

  1. Parabéns pela bela resenha.
    Espero ver mais sobre outros livros de Tolkien.
    Abraço
    Eduardo
    www.tolkienbrasil.com

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