quarta-feira, 12 de junho de 2013

Tá Lido #3 - A Metamorfose, Seguida de O Veredicto, Franz KafKa

Esse livro é pequeno e tem a fonte é grande, é um livro de leitura rápida. Mas confesso que a leitura no começo foi um pouco confusa, esse foi meu primeiro contato com Kafka, leio pouco esse gênero mais realista, gosto mesmo é de fantástico, romance e aventuras, com exceção a uma ou duas leituras anteriores e há algum tempo.

Essa experiência foi muito prazerosa e me fez querer ler muito mais desse autor e do gênero também. Surgiram várias reflexões de natureza filosófica, como por exemplo, o fato de a vida ser inconstante, ou que ninguém é insubstituível e nenhuma situação inusitada, ou fora do previsto deixa de trazer mudanças, elas vem de forma natural não só pra quem vive, mas também pra quem o cerca.

O fato de o convívio familiar e social de Gregor Samsa ser tão superficial é uma coisa que me chamou a atenção. Ele dormia no centro da casa, era o provedor e quem proporcionava certo conforto aos outros membros da família. Mesmo ele viajando muito, tinha contato com muitas pessoas, trabalhava na mesma firma há muito tempo, paquerava, mas não criava vínculos profundos, o próprio Kafka, noivou várias vezes e não casou. Isso soa bem contemporâneo, não? Mesmo que os motivos sejam diferentes, é um tema extremamente atual, quantos pais conhecem realmente seus filhos? Irmão as irmãs? Filhos os pais? Quanto você conhece da vida daquele cara que trabalha com você há anos?aç
(Talvez exista uma breve ligação com o próprio autor que segundo a biografia do final do livro noivou várias vezes e nunca casou, que tinha dificuldades de se relacionar com seu pai e uma paixão platônica por sua irmã mais nova).

A relação é próxima e muito distante com seus pais, o fato de tentar protegê-los, se esconder, reprimir seus instintos animais e ao mesmo tempo querer ser livre, sentir prazer por não ir trabalhar, por não ter mais que arcar com tudo, todos esses receios e dúvidas, sentimentos contraditórios, toda essa confusão tão humana e tão forte, são tão presentes na obra que chegam a ser quase palpáveis.
Quando o homem se torna animal ele se torna mais humano?

Terminei o livro com a confirmação de uma dúvida que rondava meus pensamentos há um tempo, as pessoas são interesseiras, mesquinhas e preguiçosas. Enquanto recebem alguma coisa ou quando precisam de alguém/uma coisa se submetem, respeitam, se preocupam e cuidam, mas quando não recebem agem com desprezo e distância.

Já por outro o submetido muitas vezes anula suas vontades, opiniões e se deixa levar, murchando e esperando a vida passar, quase como se estivesse encarcerado. Numa relação dúbia de liberdade e prisão, de receber sem dar, sem ser ou opinar, de apenas seguir vivendo um dia após outro, sem expectativas ou ambições. Isso é viver?


Nenhum humano é uma ilha, mas também não é propriedade de ninguém!

Até que ponto as relações nos secam, nos sugam e nos impedem de viver? Até que ponto os outros são responsáveis pela nossas ações?
E esses dois contos são pequenas histórias de prisioneiros e carcereiros, cuja libertação é alcançada pela morte. 



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Edição: 1
ISBN: 8525410469
Editora: L&PM
Ano: 2001
Páginas: 144 (incluindo biografia curta do autor, cronologia biobibliográfica resumida do autor, prefácio e comentário final por Marcelo Backes, o tradutor).
Sinopse: Em 10 de setembro de 1912, às dez horas da noite, Franz Kafka (1883-1924) começou a escrever “O veredicto”. Quando terminou, por volta das seis horas da manhã do dia seguinte, totalmente esgotado, apontou em seu diário que havia descoberto “como tudo poderia ser dito”; que inclusive para as ideias mais estranfusão has havia um grande fogo pronto, no qual elas se consumiam para depois ressuscitarem. Dois meses depois viria “A metamorfose”, a mais conhecida, a mais citada, a mais estudada de suas obras. Em 7 de dezembro Kafka escrevia à sua noiva, Felice Bauer: “Minha pequena história está terminada”. A obra era concluída 20 dias depois de ter sido iniciada.

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